Policiais militares de SE estão sem assistência psicossocial há sete anos
Núcleo que já chegou a contar com 30 profissionais não tem previsão de reativação Cotidiano | Por Fernanda Araujo 11/07/2019 14h45 - Atualizado em 11/07/2019 15h00Os policiais militares e bombeiros possuem uma das profissões que mais exigem da saúde mental. Por conta da atividade laboral de risco, são muitos os transtornos que esses trabalhadores passam no serviço, diariamente enfrentando situações extremas que demandam preparação física e, principalmente, emocional.
Um Núcleo de Assistência Psicossocial da Polícia Militar em Sergipe foi criado em 2005 para atender a policiais e bombeiros militares com problemas de cunho emocional, mas ele está inativo desde maio de 2012. A crítica foi feita pela Associação dos Militares de Sergipe (Amese), que ingressou com uma ação judicial para que os quase cinco mil militares do efetivo voltem a ter acesso ao atendimento, obrigando o Estado de Sergipe a reativar o Núcleo.
Inicialmente, o serviço funcionava em uma sala do Hospital da Polícia Militar, depois passou a fazer o atendimento em uma casa alugada na Vila Militar no bairro Suissa. Segundo o sargento Jorge Vieira, estava disponível para atender a todos os operadores da segurança pública que se sentiam necessitados de assistência social e psicológica.
"O Napss procurava os policiais, buscava informações, os convencia a se tratar. Tivemos melhora considerável da saúde mental dos policiais. Temos muitos profissionais bons. O militar sadio presta um melhor serviço à sociedade", ressalta o presidente, alegando que atualmente os militares estão sem estrutura de assistência adequada no estado.
Segundo ele, um grande número de policiais e bombeiros militares procuram a Amese queixando-se de problemas como depressão, transtorno de ansiedade, estresse e outros de ordem emocional e social. "São muitos militares, uma quantidade considerável, afastados (do serviço por dispensa médica de caráter psiquiátrico) e outros que não são identificados com esses problemas", diz Vieira.
O F5 News conversou com um ex-integrante da equipe do Napss na época, que preferiu não se identificar. Ele conta que existia na instituição um grupo formado por 30 policiais que sofriam de alcoolismo e eram atendidos. Eram cerca de 12 profissionais, policiais militares, compondo direção e equipe com formação em psicologia, psiquiatria e serviço social, que desenvolviam voluntariamente atividades psicossociais para os usuários militares e também dependentes. Na época, uma média de 800 a mil pessoas chegou a ser atendida.
“Tinham os casos de atendimentos individuais e assistenciais que eram feitos em domicílio, fazíamos visitas constantes. Eram demandas espontâneas, as pessoas poderiam procurar, de encaminhamentos e também busca ativa. Houve vários casos que tínhamos que fazer a busca e uma investigação de alguma situação num batalhão, de alcoolismo, relacionada à estrutura familiar e social”, ressalta. Mas, em 2012, todos os profissionais foram transferidos para outras unidades operacionais.
Sem acompanhamento
O integrante da equipe, que hoje acompanha uma média de cinco pessoas por conta própria, também relata que atualmente vários militares estão sem assistência e que existem casos de policiais com saúde mental adoecida e que estão sem atendimento, mas permanecem em atividade. “Alguns com o porte de arma retirado”, diz.
“Não temos psiquiatra no quadro de saúde da polícia e não temos como fazer um levantamento porque são questões que chegam de acordo com as crises. Existe o estigma de ser rotulado e têm pessoas que realmente não procuram. Ano passado houve dois suicídios e eram pessoas adoecidas mentalmente e não tinham a quem recorrer”, lamenta o militar.
Ainda segundo ele, no Hospital da Polícia Militar existe apenas um profissional de psicologia e um de assistente social. “Estão lá exclusivamente para dar conta de algumas demandas emergenciais. Mas não tem como fazer acompanhamento, alcançar um público tão grande como era feito no Napss, porque é humanamente impossível”, relata ele, que cobra sensibilidade dos gestores públicos.
Ao F5 News, a assessoria da Corporação informou que os militares recebem acompanhamento através do Hospital da Polícia Militar, o HPM, disponibilizado para atendimento dos militares e dependentes. O HPM dispõe de psicólogo diariamente para atendimento, mas a PM afirma não saber o quantitativo de profissionais já que não existe um quadro específico e sim atendimento diário.
O Comando diz ainda que o Napss “foi desativado na gestão do Comando anterior e o motivo foi uma decisão do Comandante à epoca”. Questionado se existe possibilidade de retornar à atividade do núcleo, a assessoria disse não saber informar.
F5 News também questionou quantos foram os afastamentos de policiais no primeiro semestre do ano por questão de saúde mental. A PM relatou que não dispõe do quantitativo por doença, pois os dados não são discriminados dessa forma.
A Secretaria de Segurança Pública dispõe de um Centro de Atendimento Psicossocial para atendimento aos profissionais da segurança pública no Estado, mas ele concentra suas ações a todos os órgãos vinculados à pasta e não faz um trabalho especializado aos militares.
*Colaborou Will Rodriguez
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