Órgãos estaduais de Sergipe não confirmam que o rio São Francisco está contaminado em função da lama de rejeitos da barragem Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), que se rompeu em 25 de janeiro, deixando mais de 300 vítimas, entre mortos confirmados e desaparecidos. A SOS Mata Atlântica apontou contaminação da represa que deságua no Velho Chico, em um estudo divulgado nesta sexta-feira (22).

Usina de Xingó, em Sergipe (Foto: Severino Silva - Chesf)

Segundo o superintendente de Recursos Hídricos, Ailton Rocha, a notícia da contaminação à jusante da usina de Retiro Baixo em Felixlândia, a 193 km de Belo Horizonte, ainda não foi confirmada e que o órgão continua atento. “É preciso ter cautela com estes informes, pois não partem de nenhum órgão oficial”, disse.

Um levantamento realizado pela Fundação SOS Mata Atântica entre os dias 8 e 14 de março, apontou que os contaminantes mais finos estão passando pela barreira da hidrelétrica de Retiro Baixo e seguem descendo até a represa de Três Marias (a 271 km de BH), que deságua no Velho Chico. Ainda segundo a Fundação, dos 12 pontos analisados pela organização, nove estavam em condição ruim e três regulares, o que torna o trecho a partir do Reservatório de Retiro Baixo até o de Três Marias, no Alto São Francisco, com água imprópria para uso da população, sendo que em sete delas não foram encontrados peixes.

A Administração Estadual do Meio Ambiente (Adema), no entanto, também afirma que a informação é inverídica. “Não existe veracidade nas informações da chegada da lama no rio São Francisco. O que acontece é que por conta das chuvas a água sofre a turbidez, que é a redução de transparência da água”, garantiu o presidente do órgão, Gilvan Dias.

De acordo com último informe, de 18 deste mês, dos locais monitorados de 25 de janeiro a 17 de março ao longo do Rio Paraopeba não foram localizados rejeitos dentro da represa de Três Marias, no Alto São Francisco. As análises são feitas através do Instituto Mineiro de Gestão das Águas – Igam, Companhia de Saneamento do Estado de Minas Gerais (COPASA), Agência Nacional de Águas (ANA) e a Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM).

Segundo o informe, desde o dia 13 de março, o monitoramento da qualidade da água passou a ser diário nas estações BPE2 (Rio Paraopeba, em Brumadinho), na BP082 (Rio Paraopeba na localidade de São José da Varginha, em Esmeraldas) e na BP099 (rio Paraopeba a montante de sua foz na barragem de Três Marias). Já nas demais estações, o monitoramento é feito semanalmente. No período da análise, entre os dias 13 e 16, foi encontrado chumbo total apenas na estação BPE2.

Conforme a Adema, o Comitê da Bacia do Rio São Francisco acompanha diariamente a situação com análise da água. No entanto, impactos ambientais podem ocorrer caso haja confirmação do surgimento de metais no rio.

“Os impactos iniciais seriam inicialmente da contaminação da água, mas em um local identificado e localizado. Mas essa possibilidade é muitíssima pequena, e se for, chegará a água do rio e não o rejeito. Identificando a área contaminada é preciso isolar para que sejam tomadas as melhores ações, diante de uma análise da contaminação do polígono e a sua contaminação em escala”, afirma Gilvan Dias.

Segundo ele, mesmo a possível contaminação da água não deve afetá-la para o uso de atividades como irrigação e pesca, ou no abastecimento e consumo humano. “Não há essa possibilidade, pois a vazão cúbica da água do rejeito é insignificante para contaminar toda a lâmina d’água da lagoa de Três Marias”, considera.

F5 News tentou contato com os Comitês da Bacia Hidrográfica em Paraopeba e do Alto São Francisco, em Minas Gerais, porém não obteve êxito até a publicação desta matéria.