Violência provoca queda de R$ 320 milhões no turismo do Estado do Rio de Janeiro em 2017 | Marcio Rocha | F5 News - Sergipe Atualizado

Violência provoca queda de R$ 320 milhões no turismo do Estado do Rio de Janeiro em 2017
Estimativa da CNC indica que, para cada aumento de 10% na criminalidade, a receita bruta das empresas que compõem a atividade turística do Estado recua, em média, 1,8%
Blogs e Colunas | Marcio Rocha 10/07/2017 13h29

O Estudo da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) mostra que a criminalidade nos últimos meses contribuiu decisivamente para uma queda de R$ 320 milhões nas receitas do turismo fluminense. O montante equivale a 42% do total da perda do faturamento do setor (R$ 768,5 milhões) entre janeiro e abril deste ano, em comparação com o mesmo período de 2016.

 

A análise também leva em consideração outros fatores que acarretaram na queda de 7,9% no faturamento bruto do setor, como o desemprego, o aumento dos gastos dos brasileiros com viagens ao exterior, a escassez de crédito e a alta base comparativa com a geração de receitas provocadas pelos Jogos Olímpicos de 2016.

 

“Embora outros fatores diretamente relacionados à conjuntura econômica também ajudem a explicar a queda de atividade no turismo fluminense, inegavelmente, o aumento da criminalidade no Rio de Janeiro contribuiu sobremaneira para agravar a perda de dinamismo desse setor no Estado”, afirma o economista da CNC Fabio Bentes.

 

Segundo estimativa da CNC, para cada aumento de 10% na criminalidade, a receita bruta das empresas que compõem a atividade turística do Estado recua, em média, 1,8%.

 

O estudo identifica que a sensibilidade ao aumento da violência no Estado é maior nos segmentos mais dependentes do turismo, tais como hospedagem (1,9%) e transporte (2,0%). Já nos segmentos de alimentação e serviços culturais e de lazer, mais ligados à prestação de serviços a residentes, o aumento de 10% na criminalidade no Estado reduz suas receitas em 1,7% e 1,5%, respectivamente.

 

Impacto da criminalidade

 

De acordo com dados do Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro (ISP-RJ), entre abril de 2016 e o mesmo mês deste ano, o total de ocorrências criminais registradas no Estado aumentou +6,4%. Dentre as principais modalidades de crime, os roubos a bancos, a caixas eletrônicos, os roubos com condução de saque e de bicicletas mais do que dobraram (+107,7%). Ainda de forma expressiva, destacaram-se os registros de roubos em coletivos (+77,6%) e roubos de aparelhos celulares (+73,0%).

 

A CNC avalia que, embora o turista não seja frequentemente vítima direta da maior parte dos crimes registrados, o avanço da criminalidade nos últimos meses e a consequente queda na percepção de segurança contribuíram decisivamente para a queda no nível de atividade do setor no Estado do Rio de Janeiro.

 

A perda de R$ 320 milhões, atribuída à violência em 2017, que equivale ao faturamento de 4,5 dias do turismo local, impactou de forma significativa o segmento de bares e restaurantes (R$ 167,2 milhões), seguido pelas atividades de transportes, agências de viagens e locadoras de veículos (R$ 105,5 milhões), hotéis, pousadas e similares (R$ 47,8 milhões) e por atividades culturais e de lazer (R$ 7,2 milhões).

 

Para o presidente do Conselho Empresarial de Turismo e Hospitalidade da CNC, que é empresário da hotelaria, Alexandre Sampaio, os dados vão ao encontro da realidade vivenciada pelos hoteleiros do Estado. “A violência afeta o turismo porque dilapida a imagem do Rio de Janeiro, o próprio brasileiro não quer mais visitar o Rio. Essa é uma realidade perversa, ampliada pela crise econômica do País e do Estado. E o impacto no turismo e em segmentos como hotelaria e alimentação reflete em mais de 50 segmentos da economia”, afirma o hoteleiro carioca.

 

Desemprego afeta o consumo

 

Dentre os demais fatores que também impactaram as atividades turísticas no Estado, a evolução desfavorável do mercado de trabalho limitou a capacidade de consumo desse tipo de serviço nos últimos meses. Embora o salário habitual do trabalho tenha crescido 2,6% no trimestre compreendido entre fevereiro e abril de 2017 e o mesmo período de 2016, a taxa de desocupação avançou de 11,2% para 13,6%, provocando um incremento de 2,6 milhões no contingente de desempregados, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD contínua).

 

Mais viagens ao exterior

 

Outro aspecto negativo para o turismo interno, a queda de aproximadamente 10% na taxa de câmbio, voltou a estimular gastos de brasileiros no exterior, em detrimento do consumo de serviços turísticos no Brasil. De acordo com o Banco Central, nos cinco primeiros meses deste ano, quando comparadas ao mesmo período de 2016, houve uma retração de 2,6% nos gastos com o turismo doméstico e um crescimento de 41,4% nas despesas com viagens para fora do País.

 

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Marcio Rocha é jornalista formado pela UNIT, radialista formado pela UFS e economista formado pela Estácio, especialista em jornalismo econômico e empresarial, especialista em Empreendedorismo pela Universitat de Barcelona, MBA em Assessoria Executiva pela Uninter, com experiência de 23 anos na comunicação sergipana, em rádio, impresso, televisão, online e assessoria de imprensa.

E-mail: jornalistamarciorocha@live.com

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