O para-raios da economia | Marcio Rocha | F5 News - Sergipe Atualizado

O para-raios da economia
Blogs e Colunas | Marcio Rocha 30/10/2019 17h54 - Atualizado em 30/10/2019 18h34

O Comitê de Política Monetária (Copom) se reuniu hoje (30) para uma nova definição acerca do futuro da economia do nosso país no último bimestre do ano. Um momento histórico aconteceu quando anunciados os resultados do meeting no Banco Central. Uma grande expectativa que a taxa básica de juros poderia ser reduzida em 0,5 ponto percentual novamente se confirmou, colocando-a no patamar de 5% ao ano. Com isso, a taxa Selic atinge a menor valoração de todos os tempos, o que pode dar mais um fôlego para a economia, principalmente para o comércio que precisa ser resgatado com o estímulo à volta de consumidores para as lojas do varejo.

Se consideramos a inflação corrente que está em baixa, além da perspectiva de manutenção da taxa inflacionária sem elevação drástica, o caminho para a diminuição da taxa Selic é esse mesmo. E isso também poderá acontecer em virtude de a atividade econômica não estar com a recuperação desejada depois dos quatro anos de crise que estamos enfrentando. O país está se recuperando, mas não à contento.

Aí você pode perguntar: “mas que diabos é isso que tanto baixa, mas eu pago juros altos no cartão de crédito, no cheque especial e em outras tantas coisas”? Bem, realmente isso não é muito adequado para o consumidor, pois existem operadoras de cartões de crédito que cobram taxas que chegam a absurdos 660% anuais em caso de atraso no pagamento ou situação de inadimplência. Entretanto, os bancos terminam promovendo baixas nos juros de empréstimos e financiamentos concedidos aos clientes. Toda vez que os juros são reduzidos na Selic, o consumidor termina ganhando indiretamente. O juro alto para pagamento é uma realidade que continuará por muito tempo, pois o sistema bancário brasileiro é complexo e quase ininteligível. Contudo, o consumidor também é beneficiado com isso em vários outros caminhos.

A taxa Selic influi no mercado de financiamento de operações lastreadas e influi diretamente nos investimentos realizados pelas empresas com recursos obtidos em bancos para aumentar seus negócios, o que promove mais desenvolvimento para o país. O Governo Federal vende títulos do tesouro para os bancos e esse recurso movimenta o mercado em vários aspectos. Por outro lado, a taxa determina como os nossos investimentos irão nos dar retorno nas aplicações financeiras como o Tesouro Direto e a Caderneta de Poupança. Além disso, a taxa Selic também influi no consumo de forma direta, pois ela quanto mais reduzida, tende a aumentar o consumo da população, e é isso que precisamos para promover a geração de emprego. Como falei inicialmente, para que o público volte para as lojas e faça compras, pois o dinheiro está mais barato em seu “custo”, elevando o estímulo às compras. Se a taxa aumenta, o acesso a crédito também fica mais difícil.

O volume de negócios das empresas depende diretamente das taxas de juros que são regidas pelos bancos de origem dos financiamentos contratados, mas depende indiretamente do que estiver pactuado na Selic. Quanto mais baixa, mais fácil de contratar empréstimos, investir nos negócios e contratar pessoas, abrindo novas vagas no mercado de trabalho. Ou seja, com a taxa mais alta, há redução no consumo e diminuição no emprego. Com ela mais baixa, o caminho é a aceleração da roda da economia para uma curva ascendente.

Exercendo a função de para-raios da economia, as medidas tomadas pelo Banco Central desde 2016, quando estávamos com a crise atingindo todas as atividades produtivas, as consequências decorrentes dos problemas econômicos no Brasil foram menores. A taxa que era de 14,25% anuais há três anos, poderá chegar ao histórico indicador de 5%, o que tem ajudado a não termos problemas muito piores na economia, ainda combalida com essa grave turbulência que atravessamos. A hora de investir nos negócios chegou e os empresários estão percebendo isso, buscando alternativas para crescer suas atividade e inovações para ampliar sua atuação. 

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Marcio Rocha é jornalista formado pela UNIT, radialista formado pela UFS e economista formado pela Estácio, especialista em jornalismo econômico e empresarial, especialista em Empreendedorismo pela Universitat de Barcelona, MBA em Assessoria Executiva pela Uninter, com experiência de 23 anos na comunicação sergipana, em rádio, impresso, televisão, online e assessoria de imprensa.

E-mail: jornalistamarciorocha@live.com

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