Gaudêncio Torquato analisa situação política e quadro econômico nacional | Marcio Rocha | F5 News - Sergipe Atualizado

Gaudêncio Torquato analisa situação política e quadro econômico nacional
Blogs e Colunas | Marcio Rocha 09/06/2017 18h38

O jornalista, cientista político e doutor em comunicação, Gaudêncio Torquato, foi o palestrante da mais recente edição do ciclo de Diálogos Empresariais, promovido pela Fecomércio. Um dos mais proeminentes profissionais da comunicação nacional dos últimos 50 anos, Torquato é pioneiro do marketing político no Brasil e possui experiências exitosas em campanhas eleitorais em vários estados brasileiros. Seu currículo é coroado com o Prêmio Esso Nacional de Jornalismo, conquistado em 1966, aos 21 anos. O Portal F5 News traz uma entrevista na qual o jornalista traz seu ponto de vista a respeito da situação política e o quadro econômico nacional.

 

Portal F5 News – Com os sinais que a economia está apresentando, devido ao crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), o Brasil começa a se recuperar?

 

Gaudêncio Torquato – O crescimento do PIB foi muito bem recebido pelo setor produtivo brasileiro, foi um crescimento de 1% depois de oito quedas consecutivas. Isso significa um certo alívio na crise. É evidente que que a economia resgatada, consolidada, forte, cria um clima de harmonia social mais intenso. Essa harmonia social certamente influenciará a política também. Funciona assim: a economia é a locomotiva que puxa os carros da economia. Ela melhorando, certamente vai contribuir para que terminemos de enfrentar essa crise mais cedo. Claro que a crise vai sempre depender da esfera política, pois ela respira o clima da sociedade. Então, vejo o crescimento do PIB como um sinal positivo. A queda da taxa Selic também é um sinal muito positivo. Esperava-se mais, cerca de 1.25%, mas 1% já ajuda bastante, mostra o crescimento. Fatores importantes para a recuperação são a queda de juros, queda da inflação e crescimento do PIB, que convergem para uma paz social. Isso forma uma situação polícia mais tranquila.

 

F5 – A recuperação que a economia brasileira apresenta após dois anos de recessão, criando o quadro de depressão econômica, já um sinal de recuperação da produtividade e do volume de geração de emprego?

 

GT – É o sinal de que a maior recessão da economia brasileira de todos os tempos passou. Isso é um sinal. Contudo, não é um sinal para a volta imediata da geração de emprego, mas o aumento do desemprego vai parar sim. É importante que se pare com o aumento do desemprego, o que vai levar para os próximos meses a recuperação dos postos de trabalho. O emprego é o último elo da cadeia produtiva que sente o reflexo da economia, tanto para o lado bom, quanto para o lado ruim. A recuperação da confiança na economia brasileira traz os investidores de volta para o país e aí sim as portas se abrem para a recuperação do mercado de trabalho.

 

F5 – Quais as medidas necessárias para que a recuperação econômica não se perca?

 

GT – Bem, acredito que devemos consolidar os instrumentos que já foram aprovados. A Lei de Terceirização, que tem um grande capitão à sua frente, o deputado Laércio Oliveira, ela vai mais adiante mostrar-se positiva para atender as demandas do mercado. Precisamos consolidar o desengessamento das relações de trabalho, com a flexibilização. Isso se dará com a reforma trabalhista, que será votada no Senado Federal. E é necessário que se faça a reforma política, pois a sociedade está clamando por uma ordem política mais justa, legal, mais ética e menos corrupta. A corrupção não vai acabar da noite para o dia, mas teremos um como resultado dessa crise um país mais justo, mais ético, mais asséptico na política, mais sério. Para isso, urge fazer a reforma política. Dois instrumentos são necessários para isso: um é a proibição das coligações proporcionais, pelas quais hoje se vota em um candidato e se elege outro. O voto tem que ser dado para a pessoa que você escolheu. Outro fator será a cláusula de barreira, pois assim proibirá a existência de partidos sem densidade eleitoral que só servem para barganha. É injusto que tenhamos 35 partidos e somente cinco correntes políticas. Direita, centro-direita, centro, centro-esquerda e esquerda. São cinco posições, não mais que isso. Agora, com 35 partidos, não se sabe a diferença entre A, B, C, D, e os outros. Os partidos precisam de nitidez doutrinária, nitidez ideológica, de forma que permitisse ao eleitor saber por exemplo, o que o PSDB pensa da saúde, diferentemente do PMDB, que é diferente do PT, PSD, PSOL, hoje não há distinção do posicionamento programático dos partidos. Se os dois instrumentos forem aprovados ainda esse ano, teremos um congresso mais compromissado com as políticas sociais.

 

F5 – A lista fechada vem atravancar os caminhos da classe política brasileira?

 

GT – A lista fechada só seria viável se tivéssemos no máximo cinco ou seis partidos. Pois assim os partidos sérios poderiam apresentar as listas com seus candidatos. Da forma como está hoje, a lista fechada vai favorecer os caciques políticos, pois eles escolheriam os nomes conforme os donos dos partidos decidirem. Mas em um sistema com poucos partidos, ela poderia funcionar. O melhor mecanismo para eleição é o voto distrital misto. Uma parte seria eleita com base proporcional no estado e outra parte com base numa lista por distrito. Isso daria condições de você votar no candidato mais próximo a você. No Brasil já está havendo o fenômeno da distritalização do voto. Isso significa que o eleitor está votando no candidato mais próximo a si, o que conhece, para que ele possa cobrar do candidato com mais facilidade o que fora prometido na campanha. Isso funcionará se houver a reforma política de ordem partidária.

 

F5 – A terceirização é necessária para a especialização do mercado de trabalho brasileiro?

 

GT – Sem dúvida. A terceirização tem o conceito de especialização do trabalho para atender todos os nichos de mercado. Isso é da mais alta importância para atender o mercado. A terceirização está em tudo, como um carro por exemplo, que tem mais de 200 componentes fabricados na forma de terceirização. Um faz o motor, outro os pneus, outro os freios, outro os bancos, outro o sistema elétrico e todos os instrumentos vão para outro terceirizado, que monta o veículo. Não existe nenhuma economia sólida na qual a terceirização é proibida. Só no Brasil, que proibia. A lei é necessária para modernizar o país. Tirar o Brasil do século passado e levar de vez ao século XXI.

 

F5 – A atualização legal é necessária para uma criação de melhor ambiente funcional para a economia?

 

GT – Qualquer instrumento que venha atualizar as regras antigas, como a CLT, por exemplo, o código comercial, que vigora desde 1850 e é completamente defasado, terá seu efeito positivo para modernização do país e trará benefícios para a economia, colocando o país no conceito das nações modernas.

 

F5 – A redução da taxa de juros ajuda na recuperação da economia e atração de investimentos internacionais?

 

GT – O país precisa voltar a atrair os investimentos internacionais, pois o Brasil possui uma das mais altas cargas tributárias do mundo. É preciso que a gente dê um basta nisso. Temos um país continental e de riquezas incomensuráveis. Contudo, o que precisa acabar é a taxa do PNBC, o Produto Nacional Bruto da Corrupção.

 

 

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Marcio Rocha é jornalista formado pela UNIT, radialista formado pela UFS e economista formado pela Estácio, especialista em jornalismo econômico e empresarial, especialista em Empreendedorismo pela Universitat de Barcelona, MBA em Assessoria Executiva pela Uninter, com experiência de 23 anos na comunicação sergipana, em rádio, impresso, televisão, online e assessoria de imprensa.

E-mail: jornalistamarciorocha@live.com

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