Cartão de crédito é o grande vilão do endividamento no Brasil | Marcio Rocha | F5 News - Sergipe Atualizado

Cartão de crédito é o grande vilão do endividamento no Brasil
Blogs e Colunas | Marcio Rocha 15/03/2018 08h35 - Atualizado em 26/03/2018 10h39

Em fevereiro, o cartão de crédito foi o grande vilão para 77% das famílias brasileiras que se declararam endividadas na Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), apurada mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Na sequência, carnês (16,5%) e financiamento de carro (10,7%) também comprometeram o orçamento das famílias em todo o País.

O cartão se destaca na pesquisa por ser a principal dívida tanto para as famílias com renda até dez salários mínimos (78,0%) quanto para aquelas com renda acima de dez salários mínimos (73,3%).

Em fevereiro, o número de famílias endividadas no Brasil apresentou queda apenas na faixa de menor renda, na comparação com janeiro: para as famílias que ganham até dez salários mínimos, o percentual passou de 62,9% em janeiro para 62,7% em fevereiro. Já para as famílias com renda acima de dez salários mínimos, o percentual de famílias endividadas passou de 53,6% em janeiro deste ano para 53,8% em fevereiro.

Apesar do cartão de crédito e de outras modalidades de dívida, o dado geral da PEIC mostra que o percentual de famílias endividadas recuou de 61,3 em janeiro para 61,2% em fevereiro deste ano – um avanço pequeno, mas positivo perto da base comparativa fraca do ano passado. “A recuperação da renda do trabalho e a queda das taxas de juros são alguns dos fatores que impactam diretamente o endividamento e favorecem uma melhora gradual em algumas modalidades de crédito”, afirma Marianne Hanson, economista da CNC.

A pesquisa mostra ainda que a proporção das famílias com dívidas ou contas em atraso diminuiu em fevereiro, atingindo 24,9% das famílias, ante 25,0% em janeiro. Outro dado que apresentou queda em fevereiro foi a proporção de famílias que declararam não ter condições de pagar as suas contas ou dívidas em atraso e que, portanto, permaneceriam inadimplentes: 9,7%, ante os 9,5% registrados em janeiro.

A proporção das famílias que se declararam muito endividadas ficou estável, mantendo-se em 13,6% do total de entrevistados. Na comparação anual, houve queda de 0,8 ponto percentual. Por outro lado, o percentual de famílias que se declararam pouco endividadas teve alta em relação a 2017: passou de 23,1% para 24,2% do total de famílias.

O tempo médio de atraso para o pagamento de dívidas foi de 64,9 dias em fevereiro de 2018, inferior aos 65,7 no mesmo período do ano passado. Em média, o comprometimento com as dívidas foi de 6,9 meses, sendo que 31,1% das famílias possuem dívidas por mais de um ano e 25,8%, por até três meses. Entre aquelas endividadas, 20,9% afirmam ter mais da metade da sua renda mensal comprometida com o pagamento de dívidas.

 

E o rombo só aumenta

O rombo nas contas na Seguridade Social atingiu R$ 292,4 bilhões em 2017, ou 4,4% do PIB. Segundo dados do Ministério do Planejamento divulgados ontem, o déficit é o maior da história e representa um crescimento nominal de 13% em relação ao apresentado em 2016. O número inclui o resultado das áreas de Saúde, Previdência e Assistência Social. As receitas da seguridade somaram R$ 657,9 bilhões no ano passado. A quase totalidade da arrecadação veio de contribuições sociais, como a previdenciária, a Contribuição Social sobre o Lucro Liquido (CSLL), a Cofins e o PIS/Pasep. Já as despesas totalizaram R$ 950,3 bilhões. Integram os gastos da seguridade as aposentarias do Regime Geral de Previdência Social (RGPS) e de servidores públicos, além do Benefício de Prestação Continuada (BPC), o abono salarial, o seguro-desemprego e o Bolsa Família. Além disso, também estão na lista as despesas de custeio e capital da Saúde, da Assistência Social e da Previdência (13,5% do gasto) e o salário de todos os servidores ativos dos órgãos dessas áreas (2,5%). A equipe econômica ainda mantém o discurso de que pretende votar a reforma após o fim da intervenção no Rio. Nos bastidores, no entanto, já se sabe que isso será difícil e que a tarefa possivelmente caberá ao próximo presidente da República, eleito em outubro.

 

Elevação de tributos foi responsável por 66% da alta da gasolina

A elevação de tributos federais e estaduais foi responsável por dois terços da alta da gasolina desde que a Petrobras começou a praticar ajustes diários nos preços, em julho de 2017. Com elevados déficits nas contas do governo federal e de estados, especialistas consideram improvável que propostas de redução da carga tributária, como a feita pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, saiam do papel. De acordo com relatórios mensais do Ministério de Minas e Energia sobre o mercado de combustíveis, a gasolina subiu R$ 0,71 nas bombas entre junho de 2017 e janeiro de 2018, dado mais recente disponível. Desse total, os impostos federais contribuíram com R$ 0,30, e os estaduais, com R$ 0,17, totalizando R$ 0,47 por litro, ou 66,2% do aumento total. O preço de venda da Petrobras subiu R$ 0,15. O restante foi provocado pela alta do etanol e das margens de revenda, que pagam os custos e o lucro dos postos de gasolina.

 

Agora é a vez dos jovens, já que o país está envelhecendo

Com o rápido envelhecimento da população, o Banco Mundial alerta que o Brasil pode estar perdendo a “última onda da transição demográfica”, ou seja, a última parcela significativa de jovens ingressando na população ativa do País, como informa O Globo. Segundo o relatório, o potencial de produtividade brasileiro será cada vez mais determinado pela atual juventude. Para isso, será necessário aprimorar a capacidade das instituições de desenvolver as competências do jovem e do mercado de trabalho de engajá-los plenamente na economia. A pesquisadora Rita Almeida, uma das responsáveis pelo estudo explica que esse risco de o jovem não se inserir no mercado de trabalho, chamado pelo Bird de “desengajamento econômico”, tem reflexos diretos na produtividade do País.

 

 

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Marcio Rocha é jornalista formado pela UNIT, radialista formado pela UFS e economista formado pela Estácio, especialista em jornalismo econômico e empresarial, especialista em Empreendedorismo pela Universitat de Barcelona, MBA em Assessoria Executiva pela Uninter, com experiência de 23 anos na comunicação sergipana, em rádio, impresso, televisão, online e assessoria de imprensa.

E-mail: jornalistamarciorocha@live.com

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