“Quem acabou dando a vitória a Belivaldo foi o próprio Valadares”, afirma André Moura | Joedson Telles | F5 News - Sergipe Atualizado

“Quem acabou dando a vitória a Belivaldo foi o próprio Valadares”, afirma André Moura
Blogs e Colunas | Joedson Telles 11/11/2018 20h09

O deputado federal André Moura (PSC) assegura nesta entrevista que não teve nenhuma participação na vitória do então candidato ao Governo do Estado, Belivaldo Chagas (PSD), sobre o então candidato Valadares Filho (PSB). “Quem acabou dando a vitória a Belivaldo foi o próprio Valadares. Muitas lideranças políticas que eu conheço diziam que iam declarar apoio a Valadares, mas quando eu via nas redes sociais estava apoiando Belivaldo. Quando eu perguntei falaram que Valadares Filho só vivia me criticando na televisão. Belivaldo, sem fazer nenhum movimento, terminou tendo o voto de muitos que têm simpatia por mim. Tenho certeza que muitos que foram às urnas para votar em mim terminaram votando em Belivaldo no segundo turno por conta das ações dos Valadares. Quando eles começaram a bater em mim esqueceram um pequeno detalhe: eu tive mais votos que eles dois”, diz. 

Já fez uma reflexão sobre as eleições?

A gente ainda não parou para fazer uma reflexão da eleição. A gente, em determinados momentos, para e pensa algumas situações aonde erramos e acertamos. Lógico que houve erros. Se não os tivesse, a gente ganharia a eleição. Mas parar mesmo para fazer uma reflexão da eleição em si, ou até mesmo do futuro, eu diria que não. Tem menos de 30 dias que perdemos as eleições - e esse tempo foi muito mais dedicado a cuidar das nossas obrigações do mandato em si e das funções de líder do governo. Perdemos a eleição, no dia 7, e já, no dia 09, estávamos em Brasília. O presidente nos deu uma missão que foi preparar a pauta do Congresso até o final do mandato. Fizemos esse trabalho durante o período do segundo turno das eleições. Já discutimos com os presidentes das duas Casas a pauta do que o governo tem de essencial até dezembro. Matérias como a rota 20-30, importante para o setor automobilístico, matérias que já tínhamos votado na Câmara e precisa ser votada no Senado e vice-versa. No período do segundo turno, fizemos um trabalho de retomar o que estava iniciado e durante o período da campanha ficamos dedicados à campanha. São processos de liberação de recursos para os municípios. Já estava pronto para que passado o período eleitoral a gente começasse a liberar. Alguns recursos, até mesmo durante o segundo turno, conseguimos liberar, porque já estavam empenhados há três meses das eleições. Estamos muito focados nisso. Já conseguimos avançar bem aprovando muita coisa após o dia 28 de outubro. Temos muitas matérias importantes até dezembro. A gente espera, até o final do mandato, conseguir liberar ainda muitos recursos para os municípios sergipanos. Há uma perspectiva muito positiva. Essa semana é muito importante porque é a semana que a gente fecha as emendas individuais e fecha o pré-relatório da lei orçamentária de 2019, que é prerrogativa minha enquanto líder do Congresso. Nosso foco tem sido esse, mas, principalmente, cumprir nossa missão de honrar o nosso compromisso com todos os municípios, independente do resultado das eleições. No próximo ano, não será muito fácil, como é de praxe o primeiro ano de governo. É um ano de ajustes. Não é um ano que os recursos estarão fáceis para os municípios. Então, eu quero deixar os municípios abastecidos de recursos, para que possam ter o ano de 2019 com muitas ações e muitas obras.

Até seus adversários políticos reconhecem a importância do seu mandato para Sergipe. O senhor acha que o eleitor não compreendeu isso também?

Não é uma análise ainda feita com calma, é muito superficial. Temos que entender essa onda que aconteceu no país inteiro, e em especial no Nordeste. Nomes tradicionais na política perderam. Foi uma eleição com muitos nomes que se elegeram sem serviços prestados à população. Foi em todo Brasil. Em Sergipe, tivemos a surpresas do delegado Alessandro Vieira (senador eleitor) e temos que torcer para que ele faça um mandato produtivo. O Nordeste teve o reflexo muito grande do PT, que ganhou em todos os estados no primeiro turno e no segundo turno. Foi a única região do país que Bolsonaro perdeu. Teve um reflexo positivo para Belivaldo e para Rogério, que soube pegar essa carona na força do PT no Nordeste. Se o povo de Sergipe tivesse entendido, eu teria sido eleito. Muitos entenderam. Foram quase 252 mil votos. Ganhamos com folga para nomes tradicionais na política como Jackson e Valadares. Valadares era tido como primeiro colocado nas pesquisas. Ele próprio dizia isso. Perdemos para o delegado Alessandro e para Rogério. Se o povo de Sergipe, na sua maioria tivesse entendido nossa proposta, teríamos vencido. Mas isso não muda em nada meu entendimento. Eu não estou arrependido de ter feito um trabalho republicano. Fiz e faria tudo de novo se tivesse oportunidade de fazer, como estou fazendo agora até o final do meu mandato. Muitos prefeitos, cujos municípios liberei recursos, não fui bem votado, como São Cristóvão, que o prefeito é meu adversário ferrenho e eu dele, mas o município estava lá e eu sabia que tinha condições de liberar recursos. Se a população tivesse entendido minha missão, eu teria sido eleito. Talvez, como até alguns me falaram, depois das eleições, se eu estivesse ajudado só municípios cujos prefeitos tinham compromisso de votar comigo, eu teria vencido a eleição. Mas não fiz pelo prefeito: fiz pelas pessoas, como parlamentar do estado. Não poderia me dar ao luxo de chegar aonde cheguei e não ajudar meu estado, mesmo na gestão de Jackson Barreto, que eu sabia que seria meu adversário como candidato a senador. Ajudei o município de Aracaju com mais de R$316 milhões, mesmo eu não tendo compromisso político nenhum com Edvaldo Nogueira. Eu estava ajudando a capital do meu estado. Seria muita pequenez minha não ajudar Aracaju. Estou trabalhando para liberar mais recursos para Aracaju. Na avaliação de alguns amigos meus, eu errei. Mas fiz a política nova, diferente, pensando no todo. Talvez isso possa ter sido um erro político e um dos fatores que me fez perder a eleição.

Mas, como o senhor diz, não existe arrependimento...

Não me arrependo. Eu espero que os eleitos, principalmente para o mandato que eu disputei, façam muito por Sergipe. Eu tenho certeza que eu teria condição de fazer porque conheço o funcionamento do Congresso, conheço onde se pode avançar ou recuar. Não tenha dúvida que eu faria um grande mandato. Espero que tenhamos muitos Andrés com Rogério, Alessandro e os oito deputados federais. Que cada um traga mais de R$ 1,5 bilhão, como eu trouxe. Eu ajudei o estado num momento difícil do Governo Federal. Do Brasil. Que Sergipe possa ter, através dos mandatos deles, recursos para que os municípios possam continuar com ações e obras que foram proporcionadas por meio do nosso mandato.

Esse trabalho feito em Brasília o credencia para outros desafios. O senhor recebeu convites?

A gente tem algumas possibilidades, mas ainda não decidi nada. Alguns amigos têm conversado com a gente, e há convite até da iniciativa privada, o que pode ser uma nova experiência. São convites para trabalhar fora de Sergipe. Brasília, São Paulo... Mas ainda não parei para fazer essa reflexão com mais calma. Eu pedi um tempo para analisar. Até a próxima semana, temos um importante papel para Sergipe. Essa semana são emendas ao orçamento e emendas individuais. Estamos trabalhando no orçamento para 2019, procurando deixar algumas coisas encaminhadas para Sergipe. Tivemos na Codevasf, essa semana, pressionando para receber, pelo menos, o projeto da primeira etapa do Canal de Xingó. Estamos conversando para que o projeto seja entregue no prazo estabelecido. Nessas duas próximas semanas, vamos nos dedicar muito a Brasília, acompanhando a questão das emendas. É uma missão minha enquanto líder do Governo, e faço questão de cumprir. Até dezembro, eu pretendo cumprir aquilo que o presidente da República me determinou como missão de pauta a ser votada no Congresso. Espero que até lá eu consiga terminar com uma marca que talvez nenhum líder conseguiu.

Como assim?

A gente quebrou uma tradição no Congresso Nacional. Talvez não tenha nenhum líder na história do governo que termine a missão sem sofrer nenhuma derrota. Até agora, eu não deixei de aprovar nenhuma matéria do governo, tanto enquanto líder na Câmara e agora no Congresso. Algumas matérias não foram para pauta de votação, mas as que foram conseguimos vitórias em todas.

Mas o senhor pagou um preço por ser líder do governo Michel Temer, não concorda?

Ser líder de um governo impopular não é uma missão das mais fáceis. Eu sabia que ser líder do presidente teria muito ônus, mas também teve muito bônus. O presidente da República me confiou uma missão entre 513 deputados e 81 senadores e eu vou honrar isso até o último dia. Eu não sou daqueles que abandona o barco. Eu sou daqueles que sabe reconhecer quem estendeu a mão. Eu sabia que seria um governo impopular, que teria dificuldades, mas eu aceitei porque eu quis. Eu aceitei minha missão e vou cumprir até o último dia. Ele me deu uma oportunidade que nenhum sergipano nunca teve, e, até agora, eu tenho honrado minha missão. Não é porque o governo está terminando que eu vou virar as costas para o presidente. Vou cumprir com ele e com todos os prefeitos, independe do resultado das eleições.
 

Optar pela iniciativa privada, em São Paulo ou Brasília, não seria se afastar da sua base política em Sergipe?

A minha vida toda foi dedicada a fazer política por Sergipe. Eu comecei muito jovem, como prefeito de Pirambu, terminei o mandato dia 31 de dezembro de 2004. Logo depois, eu assumi uma Secretaria de Estado do governo João Alves, fui deputado estadual e Federal, líder do meu partido, líder da Câmara, líder no Congresso e nunca tive uma experiência na iniciativa privada. Confesso que isso, de certa maneira, seria um novo desafio na minha vida e eu gosto de desafios. Quando fui convidado para ser líder do governo na Câmara, eu encarei como um novo desafio. Sair de Sergipe, com a menor bancada, para ser líder. Quando o presidente me convidou para ser líder no Congresso, eu imaginava como eu ia me reportar aos senadores e nomes de tradição que eu via na minha infância e adolescência. Talvez seja um novo desafio (ir para a iniciativa privada). Por outro lado, eu faço política porque eu gosto. São coisas que vou parar e pensar. Durante esse período como líder do Governo, eu fiquei muito ausente da minha família e quero ficar mais perto de casa. Quando eu assumi a liderança, o presidente fazia reunião todos os domingos com a gente. Eu ficava em Sergipe sexta-feira à tarde e domingo voltava para Brasília. Quando eu chegava aqui, na sexta, ia cumprir agenda política. Então, eu não via minha família nesses últimos anos. Eu não acompanhei muito de perto a infância e adolescência dos meus filhos. Eu quero estar mais próximo de casa pelo menos por um período. São coisas que vamos analisar com mais calma.

Há mágoa em relação ao resultado das eleições?

Em hipótese nenhuma. Se tivesse mágoa, eu não teria perdido no domingo e na terça já estaria em Brasília trabalhando por Sergipe. Logo depois que perdi a eleição já estava trabalhando normalmente. Eu sou grato aos mais de 250 mil sergipanos que confiaram em mim. Quando começou a pré-campanha, eu tinha 2% nas pesquisas. Eu perdia para todo mundo que se colocasse como candidato ao Senado. Durante o período da campanha, eu tive a oportunidade de prestar contas. Fiz a campanha procurando não atacar ninguém. Lógico que, num momento ou outro, tinha que dar uma resposta mais dura. Foi uma campanha muito propositiva. Não fiz uma campanha apresentando uma plataforma de mandato impossível de ser realizada. Mostrei o que eu tinha condições de fazer, caso fosse eleito senador. Mostrei um André diferente, que vestiu a camisa da sergipanidade. Isso fez com que as primeiras pesquisas, que mostravam rejeição muito alta e aceitação baixa, fossem invertendo. Tivemos uma votação boa em relação ao que era mostrado antes. Boa parte da população entendeu nossa missão enquanto parlamentar. Muito da nossa mensagem foi entendido. Não existe nenhuma mágoa.

Focar um projeto na iniciativa privada, em Brasília ou São Paulo, não seria mergulhar? Sumir da política em Sergipe?

Eu não diria isso. Há muitos que estão na iniciativa privada e têm sucesso na política. Laércio (o deputado federal Laércio Oliveira) teve, mais uma vez, uma grande votação e é um dos maiores empresários de Sergipe e do Brasil. Tem uma força grande no meio empresarial. Eu não estou afirmando que vou optar, mas é uma possibilidade que eu não quero descartar, mas nem por isso estou dizendo que vou abandonar a política. Quando eu perdi a eleição, parecia que mais estava prestando solidariedade a meus amigos do que eles a mim, porque estavam todos cabisbaixo. Quando se perde eleição não tem que culpar ninguém. Quando se perde a eleição tem que ser feita uma auto-reflexão e eu vou parar para fazer. Onde eu errei e onde acertei. É natural isso. Temos que ter humildade para reconhecer que temos erros. Se não os tivesse teria ganhado a eleição. Quem errou o próprio tempo vai dizer. O tempo é o senhor da razão. Também para aqueles que não entenderam a minha mensagem, mais na frente ver se errou ou acertou. Temos que reconhecer os erros e corrigi-los, se quisermos continuar na política.

Há várias formas de apoiar um candidato. O senhor deu algum tipo de apoio a Belivaldo Chagas, no segundo turno?

Não. Quando passaram as eleições, na segunda-feira feira, um amigo ligou para dizer que queria me dar um abraço. Daqui a pouco, outro ligou, depois outro... No final da tarde, tinham uns 28 prefeitos. Parece até que eu tinha convocado. Lá, eles perguntaram a minha posição no segundo turno. Eu disse, de imediato, que combati os projetos de Belivaldo e de Valadares Filho. Belivaldo por entender que era a continuidade do governo Jackson Barreto. O outro projeto foi de um traidor, sem palavra, sem caráter, sem personalidade. Valadares é isso. Não vou nem falar em Valadares Filho porque ele não tem identidade. Se colocar a digital dele aparece a do pai. Ele não foi homem suficiente para dizer ao pai que era deputado e tinha personalidade própria. Eu respeito meu pai. É, meu ídolo maior, mas minhas decisões sempre foram minhas. Muitas vezes batendo de frente com meu pai. Ouvindo, respeitando os conselhos dele, mas a decisão final sempre foi minha. Quando eu falo que Valadares foi traidor, todo estado de Sergipe sabe disso. Ninguém é criança. Lógico que um acordo político não se faz no cartório. Como é que eu e Eduardo tínhamos pretensões majoritárias e íamos fazer um entendimento em 2016 para apoiar Valadares Filho sem construir a reciprocidade para 2018? Lógico que foi feito assim. Valadares já tinha dito que não seria mais candidato ao Senado. Tínhamos combinado que eu ou Eduardo seria candidato ao Senado, eles indicariam o vice e a outra vaga do Senado ficou para eles trazerem alguém que fortalecesse o projeto. Até o próprio Valadares citou o nome de Laércio Oliveira, que na época se especulava que poderia ser candidato ao Senado. Esse foi o entendimento, independente do resultado da eleição de Valadares Filho. Tentamos manter o entendimento com os Valadares até os 45 do segundo tempo, até que tivemos a última conversa, onde eu disse que eu seria candidato ao Senado e Eduardo ao governo. Eu disse para eles indicarem Valadares Filho como candidato a vice. Valadares disse que não poderia abrir mão de ser candidato ao Senado por conta das pesquisas. Naquele momento ele tinha quase 40% das pesquisas e eu tinha 2% e ele tinha medo de eu ser candidato ao Senado. Além de quebrar o acordo, ele queria impor que o nosso agrupamento político não tivesse candidato ao Senado. Ele disse que eu iria pegar os amigos para votar comigo. O filho naquele momento estava bem próximo de Eduardo nas pesquisas. Ele achava que mesmo que o filho perdesse o governo ele viabilizaria a chapa majoritária para ele ser reeleito senador. Ele só pensava na candidatura dele. O filho era consequência. Eu não ajudei Belivaldo. Eu não podia apostar num projeto que era continuidade de Jackson. Valadares Filho não seria governador. Quem iria governar era o pai porque Valadares Filho é um boneco, um fantoche. Nessa última reunião confesso que Valadares Filho queria fechar entendimento. Eu fiquei constrangido porque ele queria opinar, mas tomou um esporro tão grande do pai que ficou calado. Como eu poderia apoiar ele, se eu sabia que ele não seria o governador? Ele é um menino mimado. É um boneco que o pai faz o que quer. Eu disse aos prefeitos em minha casa que não iria apoiar nenhum dos dois, mas iria soltar uma nota com a minha posição. Na quarta-feira, eu publiquei a nota dizendo que cada um agisse conforme a sua consciência. Cada liderança política ligada a mim, principalmente os prefeitos, não querem ficar fora de um processo desse. O engraçado de tudo isso é que parte dos prefeitos ligados a mim optou por Belivaldo e outra parte por Valadares Filho. A campanha de Valadares Filho dizia que eu estava apoiando a candidatura de Belivaldo. A liderança, quando declarava apoio a Belivaldo, segundo Valadares Filho, era porque eu orientava dessa maneira. Quando apoiava ele era porque ele era lindo, gostoso, malhado, galego de olho azul. Mas quando apoiava Belivaldo era porque tinha orientação política minha. Os únicos dois perfeitos que eu pedi que se mantivesse neutro no segundo turno foi Lara, de Japaratuba, e Elinho, em Pirambu. Lara pediu voto para Bolsonaro. Os outros todos eu disse que agisse de acordo com suas consciências. No meu entendimento, Valadares Filho cometeu um erro quando começou a tentar me criticar, dizer que eu fiz acordo com Belivaldo Chagas. Eu disse que ia para Brasília justamente para ninguém dizer que eu estava me envolvendo no segundo turno. Eu vim pra cá, na quinta-feira, porque já estava passando dos limites e, na sexta-feira, eu precisava dar uma resposta ao senador Valadares. A resposta não foi para Valadares Filho, porque ele e nada é a mesma coisa. Eu precisava dar a resposta e fiquei quase todo o segundo turno fora de Sergipe. Passei dois finais de semana com meu filho em São Paulo, depois fui para Brasília. Não tive nenhuma participação direta e nem indireta. Quem acabou dando a vitória a Belivaldo foi o próprio Valadares. Muitas lideranças políticas que eu conheço diziam que iam declarar apoio a Valadares, mas quando eu via nas redes sociais estava apoiando Belivaldo. Quando eu perguntei falaram que Valadares Filho só vivia me criticando na televisão. Belivaldo, sem fazer nenhum movimento, terminou tendo o voto de muitos que têm simpatia por mim. Tenho certeza que muitos que foram às urnas para votar em mim terminaram votando em Belivaldo no segundo turno por conta das ações dos Valadares. Quando eles começaram a bater em mim esqueceram de um pequeno detalhe: eu tive mais votos que eles dois. Tive quase 80 mil votos a mais que o senador Valadares. O que se dizia líder das pesquisas, senador eleito. Tive quase 40 mil votos a mais que Valadares Filho

Valadares está aposentado ou o senhor acredita que ele ainda disputará outra eleição?

Essa história que ele dizia na televisão, que a sua eleição não era importante, mas a de Valadares Filho é tudo conversa. A todo momento, ele só pensou nele. Se a oposição tivesse ficado unida, o resultado poderia ser bem melhor. Seria uma oposição e a situação. A divisão foi provocada pela vaidade do senador Valadares de querer ser senador pela quarta vez. Ele poderia ser candidato pela oposição. O problema foi não ter aceito minha candidatura também. Ele é tão egoísta que, se brincar, vai dizer ao filho para não ser candidato que ele vai ser. Se bem que eu acho que o futuro dele é botar um pijama e ficar na Atalaia Nova.

O ex-prefeito de Canindé, Heleno Silva, avalia que o senhor não vestiu a camisa de Eduardo Amorim. O próprio Eduardo também pensa assim. O que houve?

Eu não analiso o resultado das eleições da maneira que talvez Heleno veja. Desde quando Heleno perdeu a eleição que em toda entrevista ele tenta culpar alguém. Heleno não teve 160 mil votos. Rogério teve 300 mil. Pra ganhar de Rogério ele teria que conseguir mais de 140 mil votos. Seria eu que daria esses votos? Se eu tivesse 150 mil votos a mais, eu que seria senador. Aí eu que sou o culpado? Heleno era tão candidato quando eu. Eu fui grupo com Eduardo como ninguém foi. Eu sempre disse que não seria candidato a nada que ele fosse. Quantos prefeitos não queriam votar com Eduardo? A minha força política com os preferia me deu condição de falar que ou votavam ou não precisava nem votar em mim. Teve prefeito que votou em André e não votou em Eduardo porque era ligado ao governo. Prefeitos do MDB, do PT, como o de Macambira. Eu nunca deixei de liberar recursos. Fizemos uma parceria em Brasília. Sempre sentamos para decidir nossas vidas juntos. Antes de vim para essa entrevista, eu estava com Eduardo para decidir juntos as emendas. Ninguém pode duvidar de minha fidelidade dom Eduardo e de Eduardo para comigo. Alguns prefeitos da base do Governo me diziam que, em reconhecimento ao meu trabalho, iriam votar em mim, mas não votava em Eduardo. Eu ia dizer o que? Alguns diziam que iam votar em mim e em Rogério. Eu ia disse que só queria o voto se votassem em Heleno também? Heleno tem que entender que ele entrou aos 45 do segundo tempo no nosso agrupamento político. Ele só chegou no nosso agrupamento depois que foi enxotado do bloco do governo. Quantas entrevistas ele e Jony falaram que Heleno queria ser candidato ao Senado no grupo de Belivaldo? Quantas vezes eles falaram que só iria para nosso lado, se não tivesse espaço lá. Depois que fecharam as portas no governo, eles vieram pra cá. Somente ele e Jony. Já na campanha, o deputado Jairo de Glória foi apoiar Eduardo. Não pra me apoiar. O vereador de Aracaju, pastor Alves, votou em mim em consideração a mim. O conheço há muitos anos, quando eu estudava no Graccho Cardoso. Ele era vendedor de cachorro quente. Todos os do nosso agrupamento que não tinham compromisso votaram em Heleno. Eu poderia exigir dos prefeitos que só queria que votasse em mim se votasse em Heleno? Jairo veio para a campanha, votou em Eduardo, mas não votou em mim, e nem por isso eu saí culpando Heleno porque perdi a eleição. Eu não tenho que estar culpando ninguém. Eu sei aqueles que não foram corretos comigo, mas é do jogo. Adianta eu nominar? Ele queria que eu deixasse de ser candidato para ser cabo eleitoral dele? Aquilo que dependia de mim, eu pedi para Heleno. Ele tinha que ter o dobro dos votos que teve. Eu precisava ter 50 mil votos. Agora, eu vou culpar que não tive porque Heleno pedia nas igrejas que não votassem em mim? Heleno fez a parte dele enquanto candidato a senador, eu fiz a minha, Jackson a dele, mas o povo escolheu Alessandro e Rogério. Não escolheu nem Valadares, nem Jackson, nem Heleno e nem André. Nós quatro agora temos que analisar onde erramos, onde acertamos e decidir o que quer para o futuro. Culpar a mim, dizer que eu não fui grupo, quem nunca foi grupo foi ele que chegou aos 45 minutos do segundo tempo. Faltando uma semana para as eleições, ele já achando que Eduardo estava derrotado, todos sabem que ele disse em entrevista que o bom filho para casa torna e que estaria com Belivaldo no segundo turno. Ele disse antecipadamente que Eduardo perderia a eleição. Heleno é meu amigo pessoal, politicamente tem a garra de fazer política, é um cara determinado, mas não aceito ele querer culpar a mim pela derrota dele e dizer que eu não sou de grupo. Eu não sou do grupo dele. Talvez poucos políticos nesse estado tenham sido tão corretos quanto eu fui.

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Joedson Telles é um jornalista sergipano formado pela Universidade Federal de Sergipe e especializado em política. Exerceu a função de repórter nos jornais Cinform, Correio de Sergipe e Jornal da Cidade. Fundou e edita, há nove anos, o site Universo Político e é colunista político do site F5 News.

E-mail: joedsontelles@gmail.com

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