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Que facada foi essa
Blogs e Colunas | Joedson Telles 07/09/2018 08h57 - Atualizado em 08/09/2018 07h47

Leio no G1 que o candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro (PSL), esfaqueado, ontem, em Juiz de Fora (MG), não deverá receber alta hospitalar antes de uma semana ou 10 dias, segundo o médico Luiz Henrique Borsato, da Santa Casa de Juiz de Fora. Também não sabe se voltará à campanha nas ruas. Lamentável.

Já o pedagogo e ex-filiado ao PSOL, Adélio Bispo de Oliveira, após ser espancado por apoiadores de Bolsonaro, está muito machucado e, preso, aguarda a investigação da Polícia Federal para saber detalhes do inferno que avocou para si.

Que facada foi essa... Ao menos terá o caráter pedagógico de ratificar que mais armas mais violência? Espero.

Evidente que, neste momento, a prioridade precisa ser - e está sendo - a recuperação de um ser humano, que, covardemente, sofreu uma tentativa de homicídio, que perpassou e atingiu o coração da democracia.

Em segundo lugar está acelerar os procedimentos de praxe para que o autor da tentativa de homicídio, embora jure que não teve a intenção de matar, seja duramente punido na forma da lei. Inclusive, como pedagogo, ironicamente, servir como exemplo para que outros psicopatas não tentem contra a vida.

Paralelo a estes dois pontos, contudo, a sociedade, sobretudo as pessoas que embarcam nesta ideia insana de combater a violência com mais armas nas mãos de quem não é polícia, precisa refletir sobre o episódio. Quis o destino que a vítima de um desequilibrado armado fosse justamente um candidato a presidente que defende mais pessoas armadas.

Nenhum cidadão de bem que não vota no Bolsonaro torceu para que isso acontecesse, evidente. Mas aconteceu e convida à reflexão aqueles que se permitem ao luxo de dar de ombros à controvérsia.

É preciso muita paixão, muita cegueira diante do óbvio para não concordar que, caso fosse presidente e não candidato, a possibilidade de Jair Bolsonaro estar morto neste momento seria gigantesca. O autor da facada poderia ser autor de um disparo de uma arma de fogo assegurada pela própria vítima.

Quem tem a coragem de portar uma faca e enfiá-la num inocente em meio à multidão não pensa duas vezes em tentar matar com uma arma de fogo, se tiver meios para isso. Não é suposição, é lógica. E quantos Adélios temos neste Brasil a fora sonhando com a possibilidade de ter uma arma para tirar uma vida?

Basta olharmos o número de homicídios registrados no Brasil e imaginar mais armas nas ruas. Avivar o número de policiais, que óbvio portam uma arma de fogo, mas, assim mesmo, são mortos por bandidos. As trocas de tiros polícia x bandido. Ou seja, já temos inúmeros exemplos que o bandido nem sempre se intimida com a possibilidade de sua vítima também estar armada.

Não tenho um segundo de dúvida que não é só o bandido quem quer mais armas nas ruas. Não é isso. Pessoas de bem estão cansadas, muitas revoltadas e sem esperança de ver a criminalidade sendo combatida como precisa ser e, assim, se agarram a qualquer ideia que seja apresentada como a luz no fim do túnel. Mas não é.

Com as cabeças certas comandando União, Estados e municípios, tendo políticas de integração das diversas áreas e cada um fazendo o seu papel, e não apenas jogando o lixo no colo dos abnegados que cuidam da segurança pública, alcançaremos resultados positivos sem precisar derramar mais sangue.

O problema é que atingimos um nível tão baixo, o embrutecimento é tão assustador que medidas como estas soam impossíveis de serem postas em prática no Brasil. Perdemos a esperança nos homens e mulheres públicos.

O caos é tamanho que defender que um cidadão que até então nunca pegou numa arma de fogo passe a portar uma e, se for o caso, use-a para se defender, aumentando a lista dos que já tiraram uma vida, como um criminoso, emerge como a “solução”. Uma “solução”, que, na verdade, à luz do bom senso já nasce falida, já que a ideia precisa ser preservar a vida e não tirá-la.

P.S. Faço o desafio ao internauta que defende armar a população como forma de combater a criminalidade. O mesmo que fiz a um amigo com o qual debati o tema numa rede social: topa ir armado ao Sovaco da Gata, no Santa Maria, por volta das 23 horas, encarar aqueles bons meninos? Pela lógica, a arma garantirá sua integridade... E aí?

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