Petista prega isolamento do PT | Joedson Telles | F5 News - Sergipe Atualizado

Petista prega isolamento do PT
Blogs e Colunas | Joedson Telles 04/03/2018 07h20

Pré-candidata a deputada federal pelo PT, a Professora Ângela Melo explica, nesta entrevista, o que leva a corrente Articulação de Esquerda a defender o rompimento do PT com o bloco governista, a não aproximação da oposição e a apresentação ao eleitor de uma candidatura própria ao Governo do Estado. "Sergipe e o seu povo exigem respeito e merecem um futuro melhor. Os sonhos e desejos que nos conduziram ao Governo do Estado com a vitória de Marcelo Déda, em 2006, devem ser resgatados e atualizados, considerando a realidade presente de Sergipe, para apresentarmos um novo projeto de esperança à população sergipana. É por isso que defendemos que o PT deve ter candidatura própria e o nome do Professor Dudu", diz não descartando, contudo, que o PT apresente Eliane Aquino como pré-candidata ao governo. "Não cabem no mesmo palanque que o PT: o MDB, o PSB, o PSDB, o DEM, o PSC... Não cabe ao PT, em nossa opinião, estar junto a Jackson, a família Valadares, Amorim, André Moura, Laércio Oliveira..." A entrevista: 

A pré-candidatura da professora Ângela Melo à Câmara Federal é irreversível ou a Articulação de Esquerda pode apoiar outras pré-candidaturas dentro do PT?

A Articulação de Esquerda é uma tendência que prioriza o debate e a deliberação coletivas, envolvendo toda a sua militância. E a minha pré-candidatura a deputada federal foi resultado de um debate coletivo que teve método, aprovado em conferência da tendência. Nesse sentido, afirmamos que a pré-candidatura da Articulação de Esquerda à Câmara dos Deputados é, sim, irreversível. Além disso, é importante frisar que temos como uma das nossas táticas para contribuir no desenvolvimento do estado e do país apresentar à sociedade sergipana pessoas que possam representar os princípios e defender direitos, os já conquistados e os por conquistar, da classe trabalhadora. Foi assim em 2002, quando lançamos o Professor Dudu a deputado federal, foi assim em 2006 quando elegemos Iran Barbosa para a Câmara dos Deputados e também em 2010 e 2014, quando novamente lançamos o companheiro Iran. Este ano, não será diferente.

Qual o diferencial de outras pré-candidaturas também do PT - como as de João Daniel e Márcio Macedo?

O PT que a Articulação de Esquerda acredita e defende é o PT da militância, da pluralidade, da construção do projeto democrático e popular e da luta pelo socialismo. É essa defesa que as nossas pré-candidaturas levarão para o debate junto à população. As pré-candidaturas de João Daniel e Marcio Macedo, ou mesmo outros companheiros e companheiras que o partido venha a lançar, são legítimas, importantes e representam parte da militância petista em Sergipe. O melhor cenário, pelo qual iremos batalhar, será o PT conseguir eleger uma bancada expressiva para a Câmara dos Deputados.

A Articulação de Esquerda também apresenta o professor Joel Almeida para o Senado, mesmo com a pré-candidatura do presidente do PT, Rogério Carvalho, colocada. Tem espaço no partido para duas pré-candidaturas com chances reais de vitória?

O cenário político-eleitoral ainda está muito indefinido, os partidos ainda estão em movimentações típicas de um jogo de xadrez. Ao mesmo tempo em que passos são dados importa também observar e analisar os passos dos aliados e dos adversários. Da parte da Articulação de Esquerda, defendemos que o PT componha um bloco político-eleitoral que resgate a construção do projeto democrático e popular em nosso estado. Entendemos que nesse bloco não cabem partidos e lideranças políticas que se alinharam ao golpe em curso, iniciado em 2016. Logo, não cabem no mesmo palanque que o PT: o MDB, o PSB, o PSDB, o DEM, o PSC. Não cabe ao PT, em nossa opinião, estar junto a Jackson, a família Valadares, Amorim, André Moura, Laércio Oliveira... Precisamos, e é isso que estamos empenhados, de um bloco que seja protagonizado pela vitalidade dos movimentos sociais, pela expressividade da cultura popular, pela energia das juventudes, pela combatividade do movimento sindical. Todos esses setores têm propostas para Sergipe, então, é mais do que legítimo que também apresentem o que pensam no momento eleitoral. Se a nossa tese tiver êxito dentro do PT, compreendemos que é possível, sim, termos duas candidaturas vitoriosas ao Senado.

A Articulação de Esquerda aponta o professor Dudu da CUT como pré-candidato ao governo. Há como viabilizar este projeto com o PT ocupando cargos num governo, cujo nome para a disputa é Belivaldo Chagas?  Como a Articulação de Esquerda pretende persuadir os demais petistas? Há como convencer o presidente do PT, por exemplo, a não está no palanque de Jackson?

Primeiro, é preciso reforçar o porquê apresentamos a pré-candidatura do Professor Dudu ao Governo. Sergipe e o seu povo exigem respeito e merecem um futuro melhor. Esse futuro pode ser proporcionado por um governo que entenda esse povo como verdadeiro protagonista, como real beneficiário das políticas públicas. Os sonhos e desejos que nos conduziram ao Governo do Estado com a vitória de Marcelo Déda, em 2006, devem ser resgatados e atualizados, considerando a realidade presente de Sergipe, para apresentarmos um novo projeto de esperança à população sergipana. É por isso que defendemos que o PT deve ter candidatura própria ao Governo de Sergipe e, com o PT tendo, apresentaremos o nome do companheiro Professor Dudu. Ainda em 2017, apresentamos essa tese no Congresso Estadual do partido: de rompimento com o Governo do Estado e a consequente renúncia aos cargos que o partido ocupa. Se numericamente a nossa tese não foi vencedora no Congresso do PT, avaliamos que é cada vez mais crescente entre a militância partidária o alinhamento a essa proposta. Então, não no sentido da persuasão, mas sim do debate e do convencimento político, expondo a necessidade de retomarmos o protagonismo na política estadual, que continuaremos dialogando e disputando a nossa tese.

A história política de Sergipe mostra que sem um grupo forte é praticamente impossível ter chance de eleger os  candidatos maioritários. Quais os partidos e lideranças que o PT precisa buscar aliança, na sua opinião? 

Como disse, o foco neste momento é a disputa interna para que o PT tenha candidatura própria. Vencida esta etapa, definiremos estratégias para o diálogo com o movimento social, sindical, com os coletivos culturais e de juventude e com partidos de esquerda, alinhados ao projeto democrático e popular, contrários ao golpe e defensores da democracia e dos direitos.

A sobrevivência do PT enquanto partido grande está atrelada ao ex-presidente Lula não ser preso e disputar a presidência ou há o chamado plano B?

Para nós da Articulação de Esquerda, não há plano B para as eleições de 2018. E não por carência de lideranças expressivas do PT, mas porque um plano B significaria a legitimação de um golpe que vem sendo praticado no país. Toda a perseguição ao ex-presidente Lula é parte do mesmo projeto golpista que retirou o mandato da presidenta Dilma. É esse mesmo projeto que recolocou o Brasil no Mapa da Fome da ONU, que tem elevado as taxas de desemprego, que tem aumentado progressivamente os preços dos combustíveis para o consumidor final, que está empenhado na retirada de direitos, por meio de projetos como a Reforma Trabalhista, a Reforma da Previdência, a Terceirização irrestrita. Não podemos pactuar com este projeto por oposição às suas ações, mas também pelo fato deste projeto estar a frente do Governo Federal a partir de um golpe.

A senhora defenderia o nome de Eliane Aquino para disputar as eleições  para o Governo do Estado?                                   

Sou uma mulher de partido e, como tal, defendo o fortalecimento do PT. Como disse, nesse momento a nossa energia é para conquistar corações e mentes das mulheres e homens do PT de Sergipe para que tenhamos candidatura própria ao Governo do Estado. A nossa tese sendo vitoriosa, o partido debaterá qual nome representará o nosso projeto. Assim como sou uma mulher de partido, sou uma mulher que constrói uma tendência dentro do PT e nossa tendência apresenta ao partido a pré-candidatura ao Governo do Professor Dudu, mas com certeza, estarei empenhada na eleição da nossa candidatura petista, independente do nome.

O que Sergipe pode esperar de um mandato seu?

Até hoje, apenas uma mulher representou Sergipe na Câmara dos Deputados: Tânia Soares, do PCdoB, que na condição de primeira suplente assumiu o mandato em 2001, após a eleição de Marcelo Déda – que havia sido eleito o deputado federal mais votado – para a Prefeitura, e o exerceu até 2003. Ao mesmo tempo, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal, juntos, têm menos de 10% das cadeiras ocupadas por mulheres, índice que coloca o Brasil na 123ª posição no ranking de presença de mulheres no Congresso Nacional. Então, a primeira coisa que Sergipe pode esperar de um mandato nosso é a luta contra a subrepresentação feminina nos espaços de poder. Somos mais da metade da população brasileira, somos aproximadamente 52% da população de Sergipe e, portanto, é necessário que estejamos representadas com mulheres trabalhadoras ocupando os espaços de decisão da política institucional. Precisamos ocupar para prevenir, denunciar e combater a violência contra a mulher, ocupar para defender a igualdade salarial entre homens e mulheres no mundo do trabalho, ocupar para garantirmos mais creches públicas em todos os cantos do país, ocupar para garantir direitos para as mulheres em suas diversidades, racial, de sexualidade, geracional e regional. Sergipe pode esperar também uma representante que defenda os direitos da classe trabalhadora, que defenda a democracia, que defenda mais investimentos para o desenvolvimento do nosso estado.

 

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