André Moura e o argumento do jardim de infância | Joedson Telles | F5 News - Sergipe Atualizado

André Moura e o argumento do jardim de infância
Blogs e Colunas | Joedson Telles 07/07/2018 06h46 - Atualizado em 07/07/2018 07h06

O deputado federal André Moura se tornou previsível. Só consegue persuadir desavisado ou interessado em tirar proveito em prol do próprio umbigo. Refiro-me à muleta de atribuir ao sentimento de cobiça qualquer crítica adversária que lembre o óbvio: ele, André Moura, é carne e unha com o presidente mais rejeitado da história do Brasil. É o líder do desgoverno Michel Temer, que não corresponde expectativas positivas nas áreas básicas – como saúde, educação e segurança – e, de quebra, irrita a população com pecados imperdoáveis, como, por exemplo, os aumentos constantes nos preços da gasolina, do óleo diesel e do gás de cozinha.

Pesa ainda para a rejeição da população ao senhor Michel Temer, óbvio, o fato de amealhar motivos de sobra para uma rigorosa investigação, mas “sabe-se lá como consegue agradar aliados" ao ponto de assumirem o desgaste de impedir as investigações.

O deputado André Moura é parte da história de Temer. E não tem como negar. Trabalhou e trabalha duro para mantê-lo no poder, mesmo sabendo que está indo contra a opinião pública. O povo é contra Temer. André é a favor. Mas quando a conta de se abraçar ao erro é posta ante os teus olhos apela. Se o pré-candidato quer mesmo convencer pessoas inteligentes precisa se valer de argumentos inteligentes – e óbvio – reais.

Já disse neste espaço: o marketing do deputado André Moura é fraco. A comunicação de suas ações, o jornalismo, ao contrário, funciona bem. André, inegavelmente, trabalha e aparece na mídia. O problema é quando a pauta não é engendrada das ações do seu mandato, mas do imaginário. Pensar soa o fantasma...

Aquela ideia de líder pra lá e líder pra cá, por exemplo, só criou problemas. É tanto que “um século depois” se descobriu o óbvio: André é líder de um desgoverno cujo presidente não desce no mesmo eleitor que decidirá seu destino, a partir de 2019.  Hoje, se evita o uso do termo, mas depois de ter dado munição aos adversários?

Se é que já não entendem, mas tentam driblar o eleitor, André e o seu marketing precisam perceber que não se trata de inveja, mas de ponto de vista. De opção dos adversários. Se juntar a Temer, Cunha, Geddel e iguais não é sinônimo apenas de facilidade para se prometer a liberação de recursos para Sergipe. Não é só ter acesso ao presidente e auxiliares mais próximos e colher “coisas boas”. É também assumir a cara do seu pífio governo. Dos seus erros. O evidente desgaste. Ou seja, qualquer parlamentar pode optar por querer e tentar ser íntimo do presidente ou não. E, claro, há aqueles que preferem a distância, mesmo pagando o preço de não ter o discurso da promessa de verbas.

O eleitor lúcido percebe isso. Sabe muito bem separar as coisas. Sabe que, se por um lado André promete verbas, por outro apóia ações impopulares e nocivas do governo Temer que, evidente, vão de encontro à opinião pública.  Ajudar para que uma festa seja realiza, por exemplo, é algo positivo. Mas se posicionar contra o aumento no preço dos combustíveis, votar contra projetos nocivos ao coletivo e combater a corrupção nem se compara. Vai um oceano de distância.

Se as vidas públicas do senador Valadares, do ex-governador Jackson Barreto, do advogado Henri Clay, do delegado Alessandro Vieira e de outros pré-candidatos ao Senado e aliados não oferecem ao deputado André Moura elementos suficientes ao desgaste político de praxe em ano eleitoral que ele busque formas inteligentes de persuadir que, ainda assim, ele, André, é o melhor. Convença que Temer não é a porcaria de presidente que pintam. Mas essa estória de inveja não o ajuda. É de um amadorismo ululante. Coisa do jardim de infância.

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