A indefinição da oposição provoca açodamento e chutes | Joedson Telles | F5 News - Sergipe Atualizado

A indefinição da oposição provoca açodamento e chutes
Blogs e Colunas | Joedson Telles 21/01/2018 08h18

A indecisão dos políticos quanto às definições das alianças de praxe em ano eleitoral – alguns por não dependerem de si e outros por conveniência – acaba sendo um convite ao mau jornalismo. É preciso estar vacinado. Ventila-se sem provas sem o mínimo de constrangimento. Lá na frente, se a verdade factual jogar luz contrária, se aposta na falta de memória para evitar a anarquia. A indefinição da oposição em Sergipe está a alimentar a lógica estúpida.

Pego a última eleição para prefeito de Aracaju, em 2016, como base e provoco o internauta. Em janeiro de 2016, as notícias, os comentários, os “furos de reportagem” tiveram coerência com o registro das chapas mais adiante? Todas as alianças, os acordos ventilados foram fechados?As chapas divulgadas “em primeira mão” se confirmaram?

Pra lembrar só dois “furos”: Zezinho ou Edvaldo foi o candidato de Jackson? Robson Viana ou Jailton Santana o vice de João Alves? Pra ser misericordioso, escrevo que nem todas as notícias divulgadas se confirmaram. A maioria foi chute distante da trave. (interesse político?) Aliás, em época de rede social falar em “furo”, na maioria das vezes, soa ingenuidade.

O fato é que, em se tratando de 2018, temos diferenças ideológicas que separam e sempre separarão “políticos de políticos”. Por exemplo, a deputada Ana Lúcia e o deputado André Moura jamais darão os braços numa campanha. O internauta imagina Ana defendendo a Reforma da Previdência proposta por Temer? E André de vermelho no bolo da CUT descendo a lenha?

Temos também animosidades que soam impossíveis de serem contornadas: o caso do ex-deputado federal Mendonça Prado x o senador Eduardo Amorim.

Excluindo-se estes dois aspectos (ideologia e animosidade), contudo, todos os políticos têm coragem de fazer aliança com qualquer adversário. E desfazer com aliado também. Esquecem mágoas, traições, críticas... Tudo. “Os fins justificam os meios”, lembram deste lugar comum? Pois é... Tudo por espaço.

E se não há limite aparentemente, é óbvio que a indefinição irá perdurar até o momento oportuno - sobretudo numa eleição atípica atrelada mais do que nunca à decisão se o ex-presidente Lula será preso ou candidato. Esperar é o verbo. É aquela história: a política exige 10 coisas do político e as primeiras nove são: paciência, paciência, paciência...

E se é assim, como cravar que Fulano estará no palanque de Beltrano sem que Fulano, Beltrano ou aliados sequer confirmem? Como externar que “A” será candidato a isso ou aquilo e “B” será vice de “C”, se o alfabeto inteiro nega?

Às vezes, o confirmado pelas partes acaba, miseravelmente, traído pela dinâmica da política, como foi o caso de Mendonça disputar a eleição pelo PPS, imagine uma informação que as próprias pessoas citadas negam, de pronto, e a lógica da paciência reforça? Juízo é a palavra. Responsabilidade a cobrança.

Pode até não parecer, mas o eleitor começa a decidir a eleição antes mesmo de as campanhas ganharem as ruas de forma oficial. Poucos têm essa consciência, mas é assim que a coisa funciona.

Existe a indefinição dos políticos justamente porque estes acreditam que, com o tempo e ações, o eleitor pode mudar de opinião até o momento final das definições. Vão sondando o eleitor via pesquisas e, dificilmente, têm a coragem de afrontar os números.

Político respira voto e detesta ficar sem mandato. Ou seja, quer disputar com o menor risco de derrota possível. Só arriscar quando não tiver opção. Dá para ser açodado neste mundo?

P.S. A indefinição, contudo, não é uma camisa de força. Quem se organiza cedo ganha terreno.

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Joedson Telles é um jornalista sergipano formado pela Universidade Federal de Sergipe e especializado em política. Exerceu a função de repórter nos jornais Cinform, Correio de Sergipe e Jornal da Cidade. Fundou e edita, há nove anos, o site Universo Político e é colunista político do site F5 News.

E-mail: joedsontelles@gmail.com

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