"Grupo Novo" prepara candidato para disputar o Governo do Estado | Joedson Telles | F5 News - Sergipe Atualizado

"Grupo Novo" prepara candidato para disputar o Governo do Estado
Blogs e Colunas | Joedson Telles 20/10/2019 09h16

O ex-vereador e médico Émerson Ferreira (Cidadania) revela, nesta entrevista que concedeu, no último sábado, dia 20, no Encontro Estadual do Patriota, que o chamado "Grupo Novo" se prepara para apresentar à sociedade uma chapa para a disputa pelo Governo do Estado, caso haja uma nova eleição, antes do ano 2022. "Estamos trabalhando para termos candidatura que represente essas ideias na eleição municipal. Estamos trabalhando para pessoas que representem essas ideias na eleição estadual. Se, no próximo ano, tivermos eleições para o Governo do Estado, com certeza, esse grupo terá representação neste cenário. Não há espaço vazio na política. Quem é candidato, enquanto grupo? A gente não tem ninguém com espaço garantido. A gente constrói e, no melhor cenário, a gente sempre indica pessoas de forma democrática. Importante é que tenhamos espaços. Temos discutido bastante e sempre dizendo que os projetos pessoais não podem sobrepor os projetos coletivos", diz Émerson.  

O que significa este encontro do Patriota, partido aliado do Cidadania?

O fortalecimento de uma nova prática política. Isso é o que mobiliza qualquer grupo político. Onde eu estive, onde estou, onde estarei há sempre essa perspectiva de fazer política em outra lógica, diferente da que está posta hoje no Brasil e no município de Aracaju, que são campanhas caras. A gente já sabe como funciona o financiamento de campanhas. Inviabilizam os governos porque depois essa conta tem que ser paga. As alianças não são feitas em cima de ideias, mas da divisão e do loteamento dos espaços públicos e da farta distribuição de empregos. No município de Aracaju, por exemplo, tínhamos na administração anterior, de Edvaldo, cerca de 2.600 cargos comissionados. Depois veio João com 3 mil e, agora, já passa de 3 mil. Só por essas práticas já fica impossível de administrar bem, porque não há como compatibilizar esses compromissos eleitoreiros e do exercício da prática política com aquilo que a população necessita e espera que os administradores entreguem. A gente está sempre na perspectiva de fazer política com pessoas que a gente tenha a possibilidade de agir fora dessa prática e fazer uma nova política. É isso que é preciso. Política renovada é feita com ações e ideias diferentes dessas que fazem o lugar comum da política e que nos trouxe essa situação no município, no estado e no país.

Esse grupo continua com o objetivo de conscientizar a sociedade?

Conscientizar com as práticas. Nas oportunidades que temos com ações, nas movimentações que a gente faz, a gente sempre deixa claro essa posição de combate à corrupção, de trabalharmos com pessoas que sejam fichas limpa. A ideologia, hoje, é ter pessoas do bem na atividade política. A gente precisa afastar a atividade criminosa da prática política.

Já há definição do nome do grupo que disputará a eleição para prefeito de Aracaju?

Estamos discutindo meu nome, Emília, Milton e mais pessoas que possam vir. Também se menciona o nome de Daniele Garcia. Queremos pessoas que tenham o perfil de termos a possibilidade de algo efetivamente novo e diferente a prática política. Para isso acontecer, não é pura e simplesmente ter uma pessoa diferente, mas pura e simplesmente alguém que tenha outra prática e que, chegando à Prefeitura de Aracaju, tenha a possibilidade de administrar de modo diferente. Sair do lugar comum de grupos que fingem que se enfrentam, mas as práticas são as mesmas no dia-a-dia da administração pública e a gente não sai do lugar com essa prática. É preciso ter pessoas com coragem para propor uma nova prática e a população decide.

Quando a pessoa raciocina que a política não presta e não se envolve para mudar acaba contribuindo para que o corrupto continue tendo vez. O senhor não concorda?  

Só. Infelizmente, existe uma quantidade significativa. São as práticas que a gente encontra no Brasil de rachadinha. Aqui em Sergipe, temos a história das verbas de subvenções, a verba indenizatória da Câmara, temos a farta distribuição de cargos. Em Sergipe, há pessoas que ganham sem trabalhar. São essas práticas que minam qualquer possibilidade de entregar a população algo de bom. Além da desonestidade, porque tudo isso é feito do suor das pessoas e que a essas deveria ser entregue um serviço público de qualidade. Sergipe não tem uma política pública de desenvolvimento econômico, num momento desse de desemprego em alta. Temos desassistência plena na saúde. Esse país, nessa fase de revolução industrial, da inteligência artificial, da automação, da robótica, é o setor de serviços que vai crescer. Na agropecuária e tudo mais, as máquinas ocuparão o espaço das pessoas; e teremos um desemprego muito grande, se não tivermos uma educação para preparar as pessoas para essa nova realidade. Vamos entregar essas pessoas à própria sorte? Essa é uma missão do governo: ter respostas com uma política de desenvolvimento, com educação de qualidade, com atenção à saúde, enfrentando o desemprego. Eu tenho convicção que com essa velha prática da política não teremos saída porque essas pessoas não podem construir respostas para esses problemas que muitas veze elas estão na origem.

Se houver a necessidade de uma nova eleição para governador, antes de 2022, o grupo do qual o senhor faz parte apresentará candidato próprio?

Muito provavelmente. Estaremos nos espaços. Precisamos ocupar os espaços. Estamos trabalhando para termos candidatura que represente essas ideias na eleição municipal. Estamos trabalhando para pessoas que representem essas ideias na eleição estadual. Se, no próximo ano, tivermos eleições para o Governo do Estado, com certeza, esse grupo terá representação neste cenário. Não há espaço vazio na política. Quem é candidato, enquanto grupo? A gente não tem ninguém com espaço garantido. A gente constrói e, no melhor cenário, a gente sempre indica pessoas de forma democrática. Importante é que tenhamos espaços. Temos discutido bastante e sempre dizendo que os projetos pessoais não podem sobrepor os projetos coletivos.

Esses projetos pessoais são gargalos da política?

Claro. Até na estrutura dos partidos, as pessoas controlam a legenda como se fossem donas. Como para disputar a eleição as pessoas precisam ser filiadas a um partido, elas tomam conta da legenda e vão trabalhar para o que interessa a elas. Elas controlam com a verba com partido quem será eleito. Tratam do candidato, da família e depois vão escolhendo. Até vereador sabem quem será eleito, porque é aquele que vai ganhar dinheiro e os outros vão só completar. Não é à toa que a lei diz que o partido deve ter 30% de mulheres . Tem que ter dinheiro para as mulheres e estamos vendo papocar no Brasil inteiro, e aqui em Sergipe também, acontece desvio. Infelizmente, temos uma maioria de mulheres na população, mas não temos na representação política. Precisamos melhorar muito a representação e atuação da mulher da política. Colocam mulheres e fazem corrupção. Está aí no Brasil inteiro mostrando isso e aqui em Sergipe aconteceu. Precisamos ter práticas de grupo, democrática, com discussão, onde os projetos pessoais sejam secundários. Todo mundo tem direito de ter sua vontade e deus desejos, mas isso não pode atrapalhar o projeto coletivo.

Essa reforma da Previdência agrada ao senhor?

A gente precisaria de uma discussão se tem a necessidade e se é preciso que a gente modifique algo. É preciso que modifique, mas da forma como está sendo tem muita coisa equivocada. Na sonegação fiscal, nessas transferências de verbas orçamentárias e tudo mais, não mexemos nisso. E a gente sabe o quanto se desvia a partir da sonegação. Essas histórias da transferência orçamentária, temos um aumento de 30% de possibilidade para transferência entre os ministérios. Como se diz que a Previdência está em déficit e quase toda verba que se faz transferência é da verba da Previdência para outros? Se está sem dinheiro, precisa ade ajuda. Esses males crônicos da questão da Previdência não foram discutidos e enfrentados. A questão sempre foi em cima do trabalhador. Essa é a crítica que a gente faz, mas entende que a reforma é necessária. A questão é qual o produto final que vamos entregar. Vamos resolver os velhos problemas ou perder a oportunidade de enfrentar? Parece-me que estão resolvendo algumas coisas e perdendo a oportunidade de resolver outras que são tão sérias.

O presidente Jair Bolsonaro faz uma gestão positiva é uma decepção?

Parece-me que foi uma coisa de surpresa e que não havia uma preparação, uma proposta de governo, uma equipe trabalhada e está se fazendo a coisa na hora de fazer, meio no improviso. Toda hora, há desencontro de informações. Isso é ruim. O importante é que a gente tenha uma pauta e que essa pauta estabelecida seja cumprida.

O senhor conhece a Câmara de Aracaju como poucas pessoas. Como tem acompanhado essa denúncia do vereador Lucas Aribé, que o vereador Evando Franca se afastou por problemas de saúde, mas estão votando com a senha dele?

A velha prática. É isso que queremos mudar. Tivemos um vereador recentemente no partido (Palhaço Soneca), quando a gente chegou, que estava de licença por doença e estava numa festa. A gente entendeu que não foi cumprido o princípio da moralidade. A gente foi lá enquanto partido e tomou providencia. A gente carece que essas práticas não prosperem. Essas coisas não podem acontecer. Se têm condições de estar legalmente, tudo bem. Mas se não tem a gente tem que tomar providências. São essas práticas que precisam acabar. A Mesa não pode ser omissa de forma alguma.

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Joedson Telles é um jornalista sergipano formado pela Universidade Federal de Sergipe e especializado em política. Exerceu a função de repórter nos jornais Cinform, Correio de Sergipe e Jornal da Cidade. Fundou e edita, há nove anos, o site Universo Político e é colunista político do site F5 News.

E-mail: joedsontelles@gmail.com

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