O PODER (TRANSFORMADOR) DO RURAL BRASILEIRO
Blogs e Colunas | Haroldo Araújo Filho 14/06/2019 16h30 - Atualizado em 14/06/2019 17h22Hoje, trataremos sobre o poder do rural brasileiro através de uma ótica pouco abordada. Não discorreremos sobre sua indispensável importância no produto interno bruto (PIB), muito menos da errônea abordagem disseminada, por alguns, como sendo uma força destruidora do meio ambiente, dos fracos e dos oprimidos.
Falar sobre poder não é uma tarefa fácil, pois ele sempre é associado a uma forma de dominação, afinal, não são raros os exemplos daqueles que ultrapassam qualquer limite ético-moral para alcançá-lo. Como também, há aqueles que o acham perigoso, como sabiamente disse o personagem Ragnar Lothbrok, da série Vikings: “O poder atrai os piores e corrompe os melhores. Nunca peça poder. Poder só é concedido a quem está disposto a se humilhar para pegá-lo”.
Mas há um aspecto do poder que é extremamente benéfico, ou seja, a possibilidade que ele tem de transformar.
Vejamos o caso abaixo, que tem a intenção de mostrar a consequência do que acontece quando não se utiliza da força transformadora do rural brasileiro.
Certa vez, ao chegar para trabalhar, me deparei com o senhorzinho pedindo quinze reais para tirar o mato da calçada. De pronto neguei. Hoje, envergonhadamente, confesso que achei que fosse um bêbado chato.
Mas ao entrar no lugar de trabalho, aquela voz, com aquele jeito simples de falar, característico do “povo da roça”, penetrou minha mente como uma flecha! Voltei imediatamente e disse: - Ei, tio! Pode limpar!
Aproveitei para puxar uma conversa, na oportunidade, ele me contou sobre sua vida, que era do interior, que veio morar na periferia da cidade, que não gostava de ficar parado dentro de casa, que um filho estava preso, que era aposentado e que precisava ajudar os netos, enfim estava nítido que a ele faltava o sentimento de se “sentir em casa”, retrato fiel daquela música: “A vida deixa de ser mãe quando a gente se afasta do barro do nosso chão”.
Aquela situação me provocou uma ampla indignação, por saber que essa também é a história de muitos brasileiros, que por anos a fio não tiveram políticas públicas efetivas que os fizessem usufruir do poder transformador do rural. De igual maneira me indignei com os grupos que se dizem movimentos sociais, os quais se aproveitam dessa situação para apenas alimentar sua crença político-ideológica, através da dicotomia “fazendeiro x sem-terra”.
Por fim, como quem é da “roça” também é um cultivador de esperança, nutrimos a expectativa que o atual sentimento de renovação na sociedade alcance as mentes dos donatários do poder, os quais enxerguem, de forma muito especial, que políticas de incentivo e de fortalecimento ao rural brasileiro tem o poder de transformar a realidade de toda sociedade brasileira.
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Engenheiro Agrônomo do Incra/Ministério da Agricultura, formado pela Universidade Federal de Sergipe, pós-graduado em Irrigação (UFS). Secretário de agricultura de Riachão do Dantas (2005-2007); Superintendente regional do Incra em Sergipe ( 2016-2017); Delegado da Secretaria Especial de Agricultura Familiar e Desenvolvimento Agrário em Sergipe (2017); superintendente do Ministério da Agricultura (2019-2023). Antes de ingressar no serviço público atuou em empresas comerciais do ramo agropecuário.
E-mail: hafaraujo@yahoo.com.br
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