NÃO SE PRENDA. EMPREENDA! | Haroldo Araújo Filho | F5 News - Sergipe Atualizado

NÃO SE PRENDA. EMPREENDA!
Centelha/SE e Empreenda Agro Sustentável
Blogs e Colunas | Haroldo Araújo Filho 26/07/2019 16h12 - Atualizado em 26/07/2019 17h04

Iniciamos esse texto contando uma história que ouvi de um amigo.

Esse amigo passava as férias escolares na casa dos avós no interior do Estado, certa vez, durante uma dessas ocasiões, ele teve uma ideia para reforçar sua mesada, iria vender parte de seu plantel de Porquinhos da Índia na feira semanal da cidade. Certo de que tinha tido uma excelente ideia foi rapidamente comentar com sua avó e, de pronto, recebeu uma forte reprimenda:

- Quem já viu isso, menino! Um neto meu vender coisas na feira? O que o povo vai pensar? Vão dizer que nossa família está passando necessidades! Você não vai fazer isso de jeito nenhum! 

Rapidamente, ele declinou da ideia e, principalmente, achou que sua avó o tinha livrado de uma grande vergonha!

Pois bem, tal história pode representar perfeitamente a dificuldade que a sociedade brasileira tinha (ou tem?) sobre ter ideias, não convencionais de como se conseguir uma renda.

No Brasil pairava uma sensação de que os setores da sociedade, a começar das próprias famílias até aos ambientes acadêmicos, não se preocupavam em estimular o espírito inovador e empreendedor, parecia que toda formação estava baseada em apenas três pilares: ser empregado de alguma empresa privada; ser servidor público; ou dar continuidade a um determinado negócio familiar.

Tal modelo replicava-se também no mundo rural brasileiro. Nas famílias mais abastadas, os padrões predominantes eram os seguintes: o indivíduo dava continuidade ao modo ultrapassado de conduzir sua propriedade rural, recebida por herança; ou ia estudar na capital para ser empregado privado ou público. Já nas famílias mais necessitadas prevaleciam os exemplos: dar continuidade aos serviços braçais ou ir para São Paulo trabalhar na construção civil. Até mesmo porque o acesso à educação sempre foi negligenciado pelos poderes públicos.

É notório que, com os padrões acima mencionados, a sociedade brasileira durante anos não foi preparada e nem incentivada a pensar “fora da caixinha”, prevalecia o seguinte mantra:

“– Tenho que estudar para ser empregado; servidor público; ou dar continuidade ao negócio familiar da mesma forma que meus antepassados.”

Porém, com os impactos das rápidas mudanças nas relações sociais, as instituições brasileiras começaram a valorizar o pensamento inovador e empreendedor, inclusive nos ambientes da administração pública.

Desta forma, e ainda bem, hoje temos diversos programas que visam promover a inovação e o empreendedorismo. Na esteira desses programas, destacamos dois bons exemplos: o Centelha e o Empreenda AGRO sustentável.

O Programa Centelha é promovido pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) e, em Sergipe, é executado pela Fundação de Apoio à Pesquisa e à Inovação Tecnológica do Estado de Sergipe (FAPITEC). Tem como objetivo estimular a criação de empreendimentos inovadores e disseminar a cultura empreendedora, com o oferecimento de capacitações, recursos financeiros e suporte para transformar ideias em negócios de sucesso. Entre os setores apoiados com projetos está o Agronegócio.

Já o programa Empreenda AGRO Sustentável é iniciativa da Universidade Federal de Sergipe (UFS), através do Centro de Ciências Agrárias, com apoio da Associação de Engenheiros Agrônomos de Sergipe (AEASE), com objetivo de potencializar a visão empreendedora junto aos acadêmicos, através de técnicas de gerenciamento ágil aplicadas ao setor dos negócios rurais.

Enfim, programas como esses poderão promover na atual e nas futuras gerações um novo paradigma quanto ao empreendedorismo, onde ideias simplistas como da história contada no início desse texto não serão mais motivo de vergonha, mas poderão ser o início da ruptura dos grilhões que prendiam os pensamentos inovadores e empreendedores, em especial, no rural brasileiro.

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Engenheiro Agrônomo do Incra/Ministério da Agricultura, formado pela Universidade Federal de Sergipe, pós-graduado em Irrigação (UFS). Secretário de agricultura de Riachão do Dantas (2005-2007); Superintendente regional do Incra em Sergipe ( 2016-2017); Delegado da Secretaria Especial de Agricultura Familiar e Desenvolvimento Agrário em Sergipe (2017); superintendente do Ministério da Agricultura (2019-2023). Antes de ingressar no serviço público atuou em empresas comerciais do ramo agropecuário.

E-mail: hafaraujo@yahoo.com.br

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