IRRIGAÇÃO É REDENÇÃO E PASSAPORTE PARA O FUTURO | Haroldo Araújo Filho | F5 News - Sergipe Atualizado

IRRIGAÇÃO É REDENÇÃO E PASSAPORTE PARA O FUTURO
Blogs e Colunas | Haroldo Araújo Filho 30/08/2019 17h02 - Atualizado em 30/08/2019 17h23

De forma sucinta podemos definir irrigação como sendo uma prática agrícola cujo objetivo é fornecer água às plantas de forma adequada.

Essa milenar prática foi a base de sustentação econômica de várias civilizações antigas. Como imaginar o apogeu do Egito sem o uso das águas do rio Nilo? De igual forma, a Mesopotâmia sem o uso das águas dos rios Tigre e Eufrates? Mister dizer que, sem esses recursos hídricos, essas civilizações nem teriam prosperado.

O Brasil, segundo o Atlas Irrigação (2015) da Agência Nacional de Águas (ANA), tem 6,95 milhões de hectares irrigados, sendo o Nordeste possuidor de pouco mais de 1 milhão de hectares e Sergipe em torno de 30 mil hectares.

É cristalino perceber a importância da irrigação no Nordeste brasileiro. Como imaginar a região de Petrolina/Juazeiro e Oeste baiano sem seus perímetros irrigados? Assim como em Sergipe, como imaginar Canindé de São Francisco sem suas áreas irrigadas?

Em Sergipe, possuímos onze perímetros públicos de irrigação, sendo quatro federais: Betume (Neópolis, Ilha das Flores e Pacatuba), Cotinguiba/Pindoba (Neópolis, Japoatã e Propriá), Propriá (Cedro de São João, Telha e Propriá) e Jacaré-Curituba (Canindé de São Francisco e Poço Redondo). Além de sete estaduais: Califórnia (Canindé de São Francisco, Jabiberi (Tobias Barreto), Jacarecica I e II (Itabaiana, Malhador, Areia Branca e Riachuelo), Piauí (Lagarto), Ribeira (Itabaiana) e Platô de Neópolis (Neópolis e Japoatã).   

Essas informações, por mais que sejam motivos para celebração, não podem nos levar à falsa ideia que já temos o suficiente, ou seja, que atingimos o máximo de nossa potencialidade. Na verdade, estamos muito longe disso.

O citado Atlas descreve que o Brasil possui um potencial de expansão da área irrigada de mais 45%. Ou seja, em tempos de apelo à produção agropecuária sustentável ambientalmente, é um indispensável fato a ser levado em consideração.

Em Sergipe, infelizmente, não temos estudos precisos que demonstrem o potencial de expansão das áreas irrigadas, porém, em um estado com seis importantes bacias hidrográficas, não é difícil imaginar a potencialidade de expansão que possuímos.

Nesse diapasão, chama atenção o projeto Canal de Xingó que, sendo implementado, irrigaria 16.500 hectares na região do alto sertão sergipano. Pasme, caro leitor, não é difícil imaginar (ou sonhar?) o impacto positivo que esse projeto provocaria. Sem exageros, é possível cravar que seria a redenção do sertão sergipano, quiçá de todo estado. Mas, infelizmente, segundo o sítio eletrônico da Codevasf, o “Projeto se encontra em estudo de viabilização”.

Por fim, em um mundo onde se exige uma produção agropecuária mais sustentável, é imperativo afirmar que, para alcançar tão desejada meta, o incentivo à irrigação é indispensável.

E quanto ao projeto do canal Xingó? Ficaria na história por várias gerações, como um espécie de um passaporte para o futuro.

Mas a resposta está com a sociedade sergipana, inclusive sua classe política.

Nota de rodapé: Um hectare irrigado pode gerar até três empregos diretos e indiretos. O custo financeiro de implementar um projeto de irrigação não é despesa. É investimento!

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Engenheiro Agrônomo do Incra/Ministério da Agricultura, formado pela Universidade Federal de Sergipe, pós-graduado em Irrigação (UFS). Secretário de agricultura de Riachão do Dantas (2005-2007); Superintendente regional do Incra em Sergipe ( 2016-2017); Delegado da Secretaria Especial de Agricultura Familiar e Desenvolvimento Agrário em Sergipe (2017); superintendente do Ministério da Agricultura (2019-2023). Antes de ingressar no serviço público atuou em empresas comerciais do ramo agropecuário.

E-mail: hafaraujo@yahoo.com.br

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